Dobrada À Moda Do Porto letra

Um dia, num restaurante, fora do espaço e do tempo,
Serviram-me o amor como dobrada fria.
Disse delicadamente ao missionário da cozinha
Que a preferia quente,
Que a dobrada (e era à moda do Porto) nunca se come fria.

Impacientaram-se comigo.
Nunca se pode ter razão, nem num restaurante.
Não comi, não pedi outra coisa, paguei a conta,
E vim passear para toda a rua.

Quem sabe o que isto quer dizer?
Eu não sei, e foi comigo ...

(Sei muito bem que na infância de toda a gente houve um jardim,
Particular ou público, ou do vizinho.
Sei muito bem que brincarmos era o dono dele.
E que a tristeza é de hoje).

Sei isso muitas vezes,
Mas, se eu pedi amor, porque é que me trouxeram
Dobrada à moda do Porto fria?
Não é prato que se possa comer frio,
Mas trouxeram-mo frio.
Não me queixei, mas estava frio,
Nunca se pode comer frio, mas veio frio

Jô Soares - Letras

• Adiamento
• Ah, Um Soneto
• Aniversário
• Ao Volante Do Chevrolet
• Capitão Gay
• Começa A Haver
• Cruzou Por Mim
• Dobrada À Moda Do Porto
• Liberdade
• O Menino Da Sua Mãe
• Planeta Doce
• Poema Em Linha Reta
• Rabada Com Agrião
• Sou eu
• Um Croquete (One Meat Ball)
• Vampiro